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A tentativa de rompimento com a ecopolítica é materializada pela COP 30?


Por Carla Iasmin Queiroz - El País

07/11/2025


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As conferências ambientais foram inauguradas em Estocolmo, em 1972, quando se declarou que o meio ambiente era um direito humano, cristalizando a relevância das negociações ambientais no âmbito internacional. Mais de 50 anos depois, os debates estão centralizados acerca de questões como o desenvolvimento sustentável e a justiça ambiental.


Outra alteração visualizada nas conferências ambientais são as relações de poder entre os Estados, numa tentativa de rompimento com a ecopolítica. Tal terminologia foi cunhada por Philippe Le Preste, teórico especializado em questões internacionais ambientais, em 1996, para denominar o conjunto de práticas políticas de resolução das questões ambientais marcadas pela tentativa de imposição de padrões de segurança ambiental do Norte global à comunidade internacional. Essa hierarquização foi refletida, por exemplo, na Eco-72, com a tensão entre as prioridades ambientais, defendidas pelas nações nortistas, e o desenvolvimento econômico, almejado pelos países restantes.


Sob tal perspectiva, a COP 30 representa uma tentativa de rompimento com a dinâmica de poder referida à medida que está sendo marcada pela articulação de países do Sul Global em prol da responsabilização dos Estados desenvolvidos, que deveriam liderar a transferência tecnológica e financeira em direção ao desenvolvimento sustentável. Ao assistir às sessões, como representantes do jornal “El País”, conseguimos, nesse âmbito, visualizar o protagonismo do Brasil, com o Fundo das Florestas Tropicais para Sempre, e de Tuvalu, como representante dos interesses da Associação dos Pequenos Países-Ilha.


Ainda assim, tal tentativa de rompimento com a ecopolítica é frágil: a terceira sessão da Conferência assistiu à relativa ausência inicial dos delegados do Norte Global e ao recuo da responsabilização de Estados desenvolvidos em situação de crise.

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